domingo, 24 de abril de 2011

Veneno Anti-Ares



Eu sou uma ferida aberta.

O sangue exposto derrama a cada toque, e mesmo quando parece o mais cicatrizado possível, sempre abre-se e deixa derramar uma lágrima.

A cada uma, uma dor profunda, acelerando meu batimento, contra a parede e vento.

Eu expurgo-a dizendo que está tudo bem, deixa pra lá, não é nada demais, e novamente, ela sangra.

Eu sou o pior sentimento dos artrópodes, quelicerados, aracnídeos. No canto de minha boca escorre cada palavra suja e mal digerida sem pudores e encantos, causando a dor de um parto em meus firmamentos.

Volúpio e instável, tal como bombas, armadas e preparadas a cada instante. Devidamente soltas quando a linha de defesa é ameaçada.

O vizinho quer mijar no meu quintal, eu o expulso à marteladas.

Sempre escondido, mesmo nas fossas oceânicas, latente. Vem à tona ainda assim, nadando contra minha vontade, e minha confiança total.

Eu sou teu ciúme mais sincero e direto possível.

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