domingo, 5 de maio de 2013

Rios!


Minha escrita parece tão verdadeira quanto o saci, quanto o curupira, quanto deus.
Minha escrita tem a necessidade do caos, das trevas, do desespero.
Minha escrita é um grito surdo que explode do amago de minhas questões sempre sem soluções.
Necessito de mais um gole, necessito de música, de bons textos.
Necessito de vida, pois minha vida apaga-se com os ventos da mediocridade.
Onde está o sol?
Onde estão as coisas que fazem a bosta em minha barriga girar?
Quero correr e me jogar nu no mar.
Se existe uma solução nas coisas, elas estão entre o passar de uma tecla a outra enquanto um bom som toca e o copo se renova como o amanhecer. Sempre nos apontando novas possibilidades.
Quando eu conheci você minha vida se encheu de luz afastando-me as trevas. Agora você vai e os meus olhos se enchem de solidão, luz incessante que cega, arde e queima sufocando-me em noites como essas de chuva e frio amazônico.
Quero sua presença para me estabilizar, a escrita pulsa me envolvendo e me afastando.
O desespero se instala e as trevas vêm me acariciar como uma mãe a seu bebê assustado.
A guitarra parte a noite ao meio socando versos naturais em páginas de um documento ainda não salvo.
Como as coisas correm estranhas em noites estranhas.
Como a distância minimiza a presença resultando apenas uma voz de no máximo vinte minutos antes de o sinal desparecer até o dia seguinte.
Não quero ser apenas o teu ouvinte.

- Walter L. Jardim Rodrigues