quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Hulk vs Kratos: Encontro
Por um longo tempo, ele estava somente voando.
Após o confronto do Olimpo, Kratos não havia sequer tido contato com nenhum outro ser. Ele voava também por pensamentos e ilusões, memórias e lembranças, dor e sofrimento. A essência do Espartano Kratos nunca esteve tão perdida como agora, sua própria alma parecia querer livrar-se de todo este flagelo.
Ele conheceu o novo mundo e seus heróis, mas poucos o conheciam de verdade. O viam somente como uma contraparte de Ares, um outro Deus da Guerra, um Arauto da Destruição. O que mais ele poderia ser, depois de tudo que passou?
Durante um desequilíbrio onde o Panteão Grego foi destruído, ele junto à Hércules lutaram juntos pela derrota do Rei Chaos. Mas sumiu e voltou para sua cela de agonia, durante a restauração do Monte. Até então, que algo chamou sua atenção, mais precisamente, alguém...
Uma alma torturada, com uma família morta por seus atos...uma história com pontualidades similares.
O Hulk subia o Olimpo novamente, depois de ter sido torturado por Zeus e libertado por Hércules. Sua punição não foi o suficiente para manter-lhe em Terra, ele queria fazer os Deuses pagarem pelo preço de sua salvação, ele lutou por eles e não havia tido a recompensa. Eles iriam pagar! Deuses...Zeus.
Enquanto saltava kilometros acima, Kratos desceu em seu avanço. Hermes, o mensageiro, percebeu a aproximação do Golias Verde, e durante sua subida para avisar Zeus, espantou-se quando viu o Fantasma de Esparta descendo diretamente em sua direção.
Sua reação foi dar um passo para o lado e sair do caminho, ouvindo um quase inaudível pelo vento:
- Saia do caminho.
Bestificado com a situação, o Deus da fertilidade somente observou enquanto o Espartano descia em alta velocidade, igual à sua, traçando um caminho em chamas por onde havia passado.
O Hulk gritava já alcançando as brumas que separam o mundo mortal do divino criado pela Tríade. Dentre seus urros de ódio, as palavras “Zeus, matar e destruir” eram as mais em comum.
Kratos conseguia ver seu ódio naquele olhar, sua sede. Como olhar para um espelho e ver a imagem de sua alma torturada claramente. Mas infelizmente, somente um dos dois poderia matar Zeus, e não era aquele gigante deformado.
Entre um salto e outro do Hulk, Kratos materializou suas manoplas de Neméia, saltando para o encontro de Banner, enquanto o mesmo gritava:
- ZEUS, VOCÊ IRÁ MORRER HO... – Os dois chocaram-se no ar, o Espartano o segurou e disse – Não, não hoje, e nem por você.
Erguendo ambas as mãos, o Deus da Guerra desferiu um golpe certeiro em um Hulk despreparado. O impacto foi ensurdecedor, reforçado pela natureza sônica da arma, projetando o Golias diretamente para a Terra novamente, mais enfurecido...
O impacto da queda criou uma enorme cratera, em um descampado com alguns relevos geológicos irregulares na região. As montanhas ao seu redor estavam cobertas com neve, e um Sol agradável banhava elas transformando o cenário em uma belíssima geleira de vale. Por enquanto...
Levantando-se com dentes cerrados, o Hulk olhava para cima procurando quem interrompeu sua escalada. Suas veias dilatavam a cada batida e respiração. Seus punhos fechados ansiavam por destruição. Sua alma torturada...
O pequeno homem descendeu rapidamente, abafando sua queda com asas surgindo repentinamente em suas costas.
- Quem é você, quem pensa que é para interromper minha vingança, humano frágil!
Kratos caminhava lentamente em sua direção, com o olhar físico em seu oponente prestes a saltar a qualquer momento. O velocino dourado reluzia com a luz solar, suas manoplas agora deram lugar às Lâminas do Exílio, com o brilho laranja ensangüentado de sempre. As botas de Hermes tremulavam sobre seus pés, preparadas a qualquer movimento.
- Humano? Hehe...não. Vingança? Disso eu entendo, mas já tive várias vezes, cada uma mais sangrenta e prazerosa que a outra. Mas Zeus só pode e deve ser morto por mim, e não por você, aberração verde. Eu, sou o Deus da Guerra.
- ARES É O DEUS DA GUERRA! - gritou o Hulk. – DEUS FAJUTO! – Saltando sobre Kratos, o Hulk tentou esmagá-lo com a mão esquerda, mas não esperava uma reação tão rápida.
Ao mesmo tempo em que se esquivou o Espartano desferiu vários golpes no peito da criatura. Para sua surpresa, a maioria deles não fizeram muito mais que cortes superficiais, os quais ardiam pela mágica da lâmina.
O Hulk, sorrindo, agarrou-o com uma das mãos e disse: - Nada mal, para um deus menor. – e desferiu um soco que fez o Fantasma de Esparta atravessar duas montanhas, parando somente na terceira.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Após a tempestade...
Deixe isso de lado...ao meu lado. Diga-me, o que eles
fizeram?
Passado um tempo, não via mais nada além de água. Não sentia
nada além de vento, e dor.
Meus pés estão calejados de tanto caminhar neste convés
traiçoeiro, com o piso rangendo ao som da tempestade e o chão escorregadio. Ainda
assim, eu persisti durante ela...
Desci velas, fiz minha trajetória de boreste à bombordo
procurando por uma salvação, a luz, a esperança, a continuidade e crença de que
além deste horizonte, está algo para me fazer viver.
Segure-me...até que eu durma...
Ah, e as noites, as noites curtas e sussurrantes sobre minha
mente. Não posso deitar sem ver todos os fantasmas do meu passado, presente e
futuro, como bonecos dançantes sobre a luz do luar. Acordo dos meus sonhos para
caminhar com os mortos.
Como poderia Zaratustra me açoitar, sabendo que não durmo tranqüilo
esta noite. Sem minhas lições diárias, ensinamentos, sabedorias, eu deitava e
acordava mais vazio.
Ainda assim, naveguei.
Sua pegada lamentava por mim, e eu agarrava o convés,
urrando por comida, água. Vinte dias comendo pão duro, fingindo ser “lembas”.
Dez dias bebendo água salgada, com gosto de vinho e liberdade.
Até que eu durma.
A vida parecia desaparecer, gradualmente, todo o mundo
queria ficar na escuridão, mas não o meu. Meio a nuvens e trovões, tão cinzas
quanto meus tons de vida. Mas eu? Sempre admirava o azul atrás do castigo, da
dor, da camada do tempo que me separa do meu eu.
E aí eu corria para o passadiço e continuava minha jornada,
entoando canções mais velhas que eu próprio, entoando minha força de vontade e
atravessando quaisquer um que ouse contrapor-me à ela. Ela.
Ninguém mais poderia me salvar, eram minhas escolhas,
meus passos, meu pensamento. Ele evoluiu afiado como a navalha presa à minha cintura,
ansioso por qualquer oportunidade de mostrar-se mortal.
A morte...e a raiva.
Motivadores, encantadores, como citei anteriormente à luz do
luar. E no começo do terceiro mês, a Lua surgiu cheia. Solo basáltico
refletindo os astros, e a minha amada, um sorriso apaixonado, um brilho pálido
em meio à toda aquelas nuvens.
Ela veio e me disse, “Não quero você morto, e sim vivo”.
E eu estou, em chamas, quase a ponto de explodir, tentando
liberar tudo o que me compõe em palavras bobas e particulares, com prosas e
versos sem rima. Mas quem preocupa-se em agradar os outros, não agrada a si.
A voz me dizia para dormir, largar tudo, desistir.
Agarrei-me nela, e com meu punhal desferi um corte certeiro
em sua garganta, e disse:
“Nunca”.
Já posso dormir novamente. Ventos generosos e sua companhia
me trouxeram até esta ilha, em algum lugar você está. Eu vou te caçar, nem que
seja a última coisa a fazer, ou a primeira de muitas...
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Arise
Já passou da hora disso, já está na minha hora.
Cansei de viver em sombras e pensamentos retrógados
limitando minhas atitudes. A superficialidade de tais argumentos somente é
superada pela minha comodidade diante à eles.
Claro, temos o respeito! Claro,
temos a dependência!
Mas onde está nossa liberdade?
...da pouca que eu tenho. Mas eu preciso disso.
O momento é propício, quando você perde tudo pensa em coisas
a fazer. Chega de todo aquele momento e medo. Vai ser duro para encarar, mas eu
tenho que dar meu passo.
Um passo de cada vez, minhas pernas são curtas e estão
doendo de tanto ajoelhar...
Delicious
Tudo o que ela representa...é ela e simplismente ela.
De uma face tímida e sutil atrás da parede, desde as garras
encolhidas prontas para amar intensamente, e matar prazerosamente, ou seria o
contrário?
É isso tudo, e um pouco mais o que ela mostra. Uma inocência
sutil onde todos se encantam com seu rosto. Acham bonitinha e fofinha, tão
amável! E conversando, você desvenda mais e mais o que esconde-se de trás dessa
máscara da morte, ou você não reparou nos detalhes?
Ela tem um riso tão espontâneo que você ri de olhar pra ela.
Ela tem uma voz tão doce que você tem orgasmos imaginando
acordar todo dia com um "bom dia" do seu lado.
Ela tem um olhar tão raso, escondendo a profundidade de suas
intenções e pudores. Lolita contemporânea.
Eu fico com ciúmes só de descrever tudo isso e de viver, mas
me sinto tão bem e seguro, que meu mundo está em perfeito equilíbrio.
A maravilhosa estática da natureza, trabalhando, por meu
coração palpitar.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
I'll molten you...
Existia uma casa. Lá, descendo aquela parada, só vir direto
na rua.
Foi uma escolha, nada forçado, nada programado, tudo
ocorrendo naturalmente.
Aos poucos os passos foram acelerando, assim como o coração,
a cada expectativa, a cada momento. Ao chegar na porta e me deparar com um
sorriso de encontro, um abraço apertado, ou suave, mas sincero. Um beijo no
rosto, e o sorriso mais verdadeiro...
Tudo verdadeiro.
E toda felicidade convertida era pura bobagem. Nada demais
ocorria, somente um passeio sem compromisso com todas as intenções de conversa
e assuntos dos menos coerentes possíveis.
Um lanche depois. Uma música para ouvir juntos, sentar e
refletir o quanto os gostos eram em comum. Não todos claro, mas a intenção de
estar bem nos colocavam nesta situação.
O até logo era e sempre foi o mais difícil. Eram os momentos
onde se pensa no futuro, da próxima, de um abraço de despedida, de voltar e deitar
só em casa, mas sabendo o quanto valeu a pena...
E eu espero o próximo dia sempre.
Expressões
No corredor, uma poça se formou devido à um vazamento. O
teto destilava uma goteira, o cheiro forte de urina caracterizava a natureza do
local, e dos vermes que a habitam...
Ele foi ao banheiro e fez sua vez. Com a cabeça encostada na
parede, jogando-se para frente, um filme passou em sua mente. Memórias, lembranças,
imaginações à tona do passado trazidas para superfície, boiando no álcool. Ele
abriu os olhos e fechou, três vezes.
Na terceira vez, os sons mudaram, o olfato foi cortado, a
visão tornou-se mais centrada. Somente a goteira era ouvida.
Saindo calmamente, ele o viu. Sorrindo, de costas,
apoiando-se sobre uma mesa redonda alta.
Não seria assim.
Ele tocou suas costas e o avisou: “Gostaria muito de
avisá-lo, que estou prestes a matá-lo”.
Sem entender direito, ele riu e ficou olhando. Sua cabeça
foi agarrada com as duas mãos e batida na mesa.
Uma, duas, três, quatro vezes até que se soltasse caindo
para o lado desajeitadamente.
Para sua infelicidade
ele estava carregando a mesa e avançando contra ele. Com aquela visão reta, de
cavalo, sem perspectiva lateral, sem distrações. Ele cheirava o combate.
Atacando com a mesa, foram afastando-se do estabelecimento.
Dois rapazes responsáveis no local ainda tentaram o segurar, mas foram
fulminados com um olhar de necessidade, de precisar daquilo e sobrevivência. E
fizeram pouco caso...
Meio tonto dos golpes em sua cabeça, ele tentava revidar.
Mas a dor física era muito pouco pro Ele sentir, continuava correndo contra ele
mesmo apanhando ou ferindo-se.
Derrubou-o no chão e aplicou chutes e pisões. E quando conseguiu ficar
sobre ele...
Agarrou novamente sua cabeça e bateu no chão lateralmente.
Uma, duas, três, quatro vezes. Sua têmpora derramava. O asfalto
era banhado em sangue, seu olfato captava a composição ferruginosa forte.
Tonto, o açoitado tentava somente se defender. Foi arrastado
até a calçada. Lá, ele sentiu posicionarem sua cabeça na quina da rua. Antes
que pudesse reagir, veio um forte pisão em sua nuca.
O sangue engasgado abafou seu grito, mas dentes puderam ser
ouvidos. Um rosto irreconhecível em vermelho, não era mais ele...
E então, os sons voltaram derrepente, com gritos de
apaziguar, o forte cheiro de fumaça no local, a visão...
Ele deu meia volta e passou no local. Parafraseando da
primeira temporada, disse: “Desculpe! Desculpe! Não vai acontecer
novamente...voltem para seus cafés da manhã!”
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Ciclo
E aí você acorda todos os dias, vê o que quer, procura,
observa, acha e senta.
Limpa o sangue dos ferimentos do dia anterior com um trapo
já todo manchado de mais sangue de dias anteriores. Antes branco, agora
escarlate.
Caminha contra o vento, correndo sobre os espinhos,
derramando...
O vento pressionado contra o próprio peito parece querer
empurrar-me de volta. Ainda assim eu insisto, luto, nado no mar de rosas
disfarçadas de vermelho. Banhadas em mim.
Chego no clarão, no jardim. Aberto, bonito, confortante,
amável...
Eu lá fico o dia todo, mas infelizmente tenho que voltar pra
casa, atravessando o mar.
E todos os dias seguem assim...
sábado, 18 de agosto de 2012
My Darkest Hour
Era um homem, aguardando para tomar seu banho quente.
Ele estava nu, a temperatura beirava os 5 graus Celsius,
talvez até menos. Deitado em uma cama de mármore, ele passava seu tempo
tentando se distrair, adiando seu conforto para o melhor momento.
Antes não estava tão frio, mas ele tinha somente uma ficha
para colocar no chuveiro, só uma vez poderia desfrutar do privilégio, e este o
faria sobreviver.
E assim ele resistiu, por dias com frio, contendo sua
vontade de entrar debaixo do vapor. Mas ele morreria logo após, saberia que a
temperatura ia cair cada vez mais.
E assim ele resistiu...por certo tempo.
Mas as coisas aconteceram, ventos gelados sopraram, farpas
de granizo castigaram sua pele, o flagelo atingia diretamente nos seus ossos e
eles pareciam trincar...
E assim, ele resistiu mais um pouco.
Agora, estava embaixo do chuveiro, já tinha depositado sua
ficha, e esperava a água para sobreviver!
E aí, faltou água!
Ele lá estava pedindo para que retornasse o mais breve
possível, pois seu corpo, sua alma, poderiam morrer a qualquer momento. Ou
pior, ele poderia adaptar-se e resistir ainda mais à esse frio, aprender a
viver com ele, nunca mais voltar a ser o que era antes...
Mas a esperança, a luta, a amargura faziam parte de sua
história, ele só sairia de lá, quando a água caísse...mas era duro.
E como é.
Com as mãos cruzadas sobre seu peito, ele aguardou, por
quanto tempo, eu não tive coragem de ver, já vi coisas demais...
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