sexta-feira, 27 de julho de 2012

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Estavam os dois, caçando na floresta faz um tempo. 

Furiosos e hipnóticos, como se o próprio vento favorecesse sua escalada e travessia. Acima, troféis expostos da pele humana balançavam entre galhos. Eles mataram dois, e este era o último.

Com faca na mão de um e pedra no outro, eles rastrearam sua presa. Ele morava ali perto, mas nada tinha expectativa diante dos dois. Rapidamente enquanto saia de sua cabana para seu cavalo, a pedra foi lançada.
Sua têmpora com um baque surdo explodiu em um inchaço sanguíneo contínuo, ele ainda tonto, começou a correr, o cavalo desesperou-se e o empurrou, a pé ele adentrou a floresta, sabia o que lhe procurava...

E assim o outro foi, o cheiro de sangue o excitava, derramado entre a umidade, folhas e terra molhada, mas somente o ferro destacava-se. Deu a volta no lugar já conhecido, saltou  caindo sobre ele, com a faca segura na boca.

Os olhos do homem eram de total pavor, ambos estavam em uma clareira, e enquanto um derramava lágrimas de piedade, o outro derramava ódio em seu rosto. 

Era raiva pura.

O levantou e esfaqueou o maldito, uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze, quatorze, quinze, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte, vinte e um, vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro, vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete, vinte e oito, vinte e nove, trinta, trinta e um, trinta e dois, trinta e três, trinta e quatro, trinta e cinco, trinta e seis, trinta e sete, trinta e oito, trinta e nove, quarenta, quarenta e um, quarenta e dois, quarenta e três, quarenta e quatro, quarenta e cinco, quarenta e seis, quarenta e sete, quarenta e oito, quarenta e nove, cinquenta, cinquenta e um, cinquenta e dois, cinquenta e três, cinquenta e quatro, cinquenta e cinco, cinquenta e seis, cinquenta e sete, cinquenta e oito, cinquenta e nove, sessenta, sessenta e um, sessenta e dois, sessenta e três, sessenta e quatro, sessenta e cinco, sessenta e seis, sessenta e sete, sessenta e oito, sessenta e nove, setenta, setenta e um, setenta e dois, setenta e três, setenta e quatro, setenta e cinco, setenta e seis, setenta e sete, setenta e oito, setenta e nove, oitenta, oitenta e um, oitenta e dois, oitenta e três, oitenta e quatro, oitenta e cinco, oitenta e seis, oitenta e sete, oitenta e nove, noventa, noventa e um, noventa e dois, noventa e quatro, noventa e cinco, noventa e seis, noventa e sete, noventa e oito, noventa e nove, cem, cento e um, cento e dois...

Por fim, a mata era vermelha, tripas, fezes e órgãos derramavam no chão, pendurados por músculos rasgados e gordura. Fedendo forte, mas seu sangue banhava-o por completo. Ele retirou a faca após o último golpe, e colocou na bainha. O terceiro estava morto, mas talvez ainda viriam outros...

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