No corredor, uma poça se formou devido à um vazamento. O
teto destilava uma goteira, o cheiro forte de urina caracterizava a natureza do
local, e dos vermes que a habitam...
Ele foi ao banheiro e fez sua vez. Com a cabeça encostada na
parede, jogando-se para frente, um filme passou em sua mente. Memórias, lembranças,
imaginações à tona do passado trazidas para superfície, boiando no álcool. Ele
abriu os olhos e fechou, três vezes.
Na terceira vez, os sons mudaram, o olfato foi cortado, a
visão tornou-se mais centrada. Somente a goteira era ouvida.
Saindo calmamente, ele o viu. Sorrindo, de costas,
apoiando-se sobre uma mesa redonda alta.
Não seria assim.
Ele tocou suas costas e o avisou: “Gostaria muito de
avisá-lo, que estou prestes a matá-lo”.
Sem entender direito, ele riu e ficou olhando. Sua cabeça
foi agarrada com as duas mãos e batida na mesa.
Uma, duas, três, quatro vezes até que se soltasse caindo
para o lado desajeitadamente.
Para sua infelicidade
ele estava carregando a mesa e avançando contra ele. Com aquela visão reta, de
cavalo, sem perspectiva lateral, sem distrações. Ele cheirava o combate.
Atacando com a mesa, foram afastando-se do estabelecimento.
Dois rapazes responsáveis no local ainda tentaram o segurar, mas foram
fulminados com um olhar de necessidade, de precisar daquilo e sobrevivência. E
fizeram pouco caso...
Meio tonto dos golpes em sua cabeça, ele tentava revidar.
Mas a dor física era muito pouco pro Ele sentir, continuava correndo contra ele
mesmo apanhando ou ferindo-se.
Derrubou-o no chão e aplicou chutes e pisões. E quando conseguiu ficar
sobre ele...
Agarrou novamente sua cabeça e bateu no chão lateralmente.
Uma, duas, três, quatro vezes. Sua têmpora derramava. O asfalto
era banhado em sangue, seu olfato captava a composição ferruginosa forte.
Tonto, o açoitado tentava somente se defender. Foi arrastado
até a calçada. Lá, ele sentiu posicionarem sua cabeça na quina da rua. Antes
que pudesse reagir, veio um forte pisão em sua nuca.
O sangue engasgado abafou seu grito, mas dentes puderam ser
ouvidos. Um rosto irreconhecível em vermelho, não era mais ele...
E então, os sons voltaram derrepente, com gritos de
apaziguar, o forte cheiro de fumaça no local, a visão...
Ele deu meia volta e passou no local. Parafraseando da
primeira temporada, disse: “Desculpe! Desculpe! Não vai acontecer
novamente...voltem para seus cafés da manhã!”
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