quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Expressões

No corredor, uma poça se formou devido à um vazamento. O teto destilava uma goteira, o cheiro forte de urina caracterizava a natureza do local, e dos vermes que a habitam...

Ele foi ao banheiro e fez sua vez. Com a cabeça encostada na parede, jogando-se para frente, um filme passou em sua mente. Memórias, lembranças, imaginações à tona do passado trazidas para superfície, boiando no álcool. Ele abriu os olhos e fechou, três vezes. 

Na terceira vez, os sons mudaram, o olfato foi cortado, a visão tornou-se mais centrada. Somente a goteira era ouvida.

Saindo calmamente, ele o viu. Sorrindo, de costas, apoiando-se sobre uma mesa redonda alta.
Não seria assim.

Ele tocou suas costas e o avisou: “Gostaria muito de avisá-lo, que estou prestes a matá-lo”.
Sem entender direito, ele riu e ficou olhando. Sua cabeça foi agarrada com as duas mãos e batida na mesa.

Uma, duas, três, quatro vezes até que se soltasse caindo para o lado desajeitadamente.

 Para sua infelicidade ele estava carregando a mesa e avançando contra ele. Com aquela visão reta, de cavalo, sem perspectiva lateral, sem distrações. Ele cheirava o combate.

Atacando com a mesa, foram afastando-se do estabelecimento. Dois rapazes responsáveis no local ainda tentaram o segurar, mas foram fulminados com um olhar de necessidade, de precisar daquilo e sobrevivência. E fizeram pouco caso...

Meio tonto dos golpes em sua cabeça, ele tentava revidar. Mas a dor física era muito pouco pro Ele sentir, continuava correndo contra ele mesmo apanhando ou ferindo-se.  Derrubou-o no chão e aplicou chutes e pisões. E quando conseguiu ficar sobre ele...

Agarrou novamente sua cabeça e bateu no chão lateralmente.
Uma, duas, três, quatro vezes. Sua têmpora derramava. O asfalto era banhado em sangue, seu olfato captava a composição ferruginosa forte. 

Tonto, o açoitado tentava somente se defender. Foi arrastado até a calçada. Lá, ele sentiu posicionarem sua cabeça na quina da rua. Antes que pudesse reagir, veio um forte pisão em sua nuca.
O sangue engasgado abafou seu grito, mas dentes puderam ser ouvidos. Um rosto irreconhecível em vermelho, não era mais ele...

E então, os sons voltaram derrepente, com gritos de apaziguar, o forte cheiro de fumaça no local, a visão...
Ele deu meia volta e passou no local. Parafraseando da primeira temporada, disse: “Desculpe! Desculpe! Não vai acontecer novamente...voltem para seus cafés da manhã!”

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